Fantasma no Feed: Quando os Mortos Continuam Postando
O que significa para a psique humana conviver com os mortos que ainda falam nas redes? Exploramos o luto digital e o impacto simbólico da presença pós-vida na internet.
temasglobais.com
5/30/20252 min read


Imagine abrir seu Instagram e ver uma nova foto do seu melhor amigo que faleceu há dois anos. Uma homenagem? Uma recordação? Não. A postagem veio “dele” mesmo gerada por inteligência artificial, a partir de seus dados antigos. Bem-vindo à era do luto digital: um território onde a morte já não é o fim da presença, e onde os fantasmas não sussurram, postam.
O Novo Pós-Vida: Quando o Perfil Sobrevive à Pessoa
Perfis de redes sociais são mantidos ativos por familiares, amigos, empresas ou até algoritmos. Alguns viram memoriais. Outros continuam atualizados. É comum que IA seja treinada com textos, fotos, padrões de fala e interação da pessoa falecida para simular sua presença de forma "natural". O morto continua comentando, dando likes e publicando.
O luto se torna um feed interminável onde nunca sabemos se devemos esquecer, lembrar ou interagir.
IA e o Luto Programado
Empresas como Replika, HereAfter AI e outras estão criando avatares conversacionais de pessoas falecidas. Filhos podem "falar" com seus pais mortos. Amigos podem manter laços com vozes que replicam memórias. Mas... o que isso faz com a psique humana?
Impede a elaboração do luto?
Cria dependência emocional digital?
Ou oferece consolo legítimo?
A Espiritualidade Hacker
O uso da tecnologia para simular presenças pós-morte desafia crenças religiosas tradicionais sobre a alma, a transcendência e o "descanso". Surge uma nova espiritualidade: uma espiritualidade hacker, onde o “céu” é um servidor e o “espírito” é um algoritmo.
O novo além pode ser acessado por login e senha.
Mas há alma onde há dados?
A Morte como Espetáculo e Produto
Em uma cultura hiperconectada, até a morte entra no capitalismo de atenção. Postagens póstumas viram virais. Avatares falecidos podem vender produtos. Memórias são monetizadas.
A pergunta que ecoa: quem lucra com o nosso luto?
O Fim da Morte como Conhecíamos?
Se a presença digital é eterna, a morte muda de status. Ela não é mais ausência, é interrupção temporária da vida biológica.
Estamos entrando em uma era onde a morte é negociável, personalizável, reversível ao menos na aparência. Mas o que perdemos ao tentar negar a ausência?
“Fantasma no Feed” não é apenas uma figura de linguagem. É um sintoma do nosso tempo: um mundo que se recusa a deixar ir, que transforma luto em interface, e que talvez esteja tentando, com todo seu poder técnico, derrotar a própria finitude.
Mas a pergunta essencial permanece: estamos criando consolo… ou prisão?
Quer entender mais como a tecnologia está reprogramando nossos rituais mais profundos?
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Você gostaria de ser lembrado por IA após sua morte?